Enzo, meu sobrinho querido, cá
estou eu” depois de um longo e tenebroso inverno” a postar novamente sobre o
seu amado pai, meu amado irmão – graças a Deus e a mais um surto inspirativo
que me invade após uma fase de seca criativa. Oba! Quando esse fenômeno
acontece a um ser estranho como eu, há o lado bacana de produzir a mil por
hora; como também há o sombrio de varar madrugadas em total excitação e num
ritmo desgovernado. Que mal há nisso? É que não posso, ainda, me dar ao luxo de
dormir até o meio-dia e tenho de estar de pé às 7h00 para cuidar de mim, da
minha amada, dos meus gatos, do meu lar e dos meus afazeres como administrador,
terapeuta e o que ocorrer. Deixemos porém de trololó e vamos ao ponto.
Quero falar sobre a deliciosa
postura herege de seu pai e da seriedade que é o lance de energia. Sua mãe e a
minha, mulheres que amo e admiro, em função de haver se completado um ano que
seu pai deu o zig, resolveram, em
dias e locais distintos, marcar uma missa em memória dele: Seu pai, quando
criança, até curtiu esse negócio de igreja; mas quando se tornou e se assumiu
como livre pensador, me saiu um dos iconoclastas mais fantásticos que conheci,
chegando até a me superar em algumas questões – que obviamente não comentarei
aqui devido ao sigilo que eu e ele juramos a nós mesmos e ao Deus que desnecessita
de templos.
Pois é, quando eu soube da missa
que ocorreria em 22/05/2012, marcada por Taís, em Salvador, me animei todo para
ir - não pelo ritual catoláico em si,
mas pela oportunidade de estar mais uma vez junto com sua mãe, contigo, com
minha irmã, com suas primas, como nossos amigos e demais parentes num momento
harmônico de oração pelo velho Dida. – Só que ou por conhecer bem meu broder, ou por sacar que ele estava
pouco se lixando para algo desse tipo, pensei: Será que Dida vai gostar disso? Ele que literalmente esculhambava os
abusos e sandices da Santa Madre?
Resolvi parar de pensar e pus-me
a programar minha ida. Aí tudo começou a virar: a frente fria trouxe chuvas
constantes para Soterópolis e litoral
baiano. Como moro no meio do mato (ou me escondo) fiquei ilhado porque surgiram
crateras enormes na estrada de chão. Salvador ficou debaixo d’ água, os ônibus
entraram em greve, a Avenida Paralela travou, pouquíssimas pessoas conseguiram
chegar a tempo para a celebração e a vida seguiu seu curso.
Falando com sua avó Marinice no
dia 24/05/2012, pela manhã, soube que ela havia marcado outra missa, para este
mesmo dia, às 12h00, em Nazaré. Internamente questionei-me: Pra que isso? Dida não curte missa. Mas
decidi me silenciar e respeitar a viagem. Só que um furo maior ainda aconteceu:
na noite do mesmo dia, liguei para aquela que me pariu a fim de saber como
tinha sido a missa e tal, e qual não foi minha surpresa quando ela me disse que
encontrou alguns familiares e pessoas amigas na igreja, todavia o padre não
apareceu. Oh! Como não?! O vigário se
esqueceu do compromisso e se picou para Amargosa, deixando os fieis a verem
navios...
Diante desses dois acontecimentos
visivelmente avacalhados, concluo, na minha forma louca de ler os sinais que me
norteiam, que seu pai deve ter dado gargalhadas gostosas ao ver que as coisas
fugiram do controle e dos planos. Dida não curte missa. Dida não curte igreja e
isso não o faz menos espiritualizado do que ele é e do que ele vai se tornar
ainda mais. E quando digo isso, não é por pura suposição – é porque sei mesmo e
tenho acesso. Se o amamos, não precisamos de templos ou rituais mecânicos para
expressarmos esse amor. O amor é um exercício diário. No café da manhã, no
trabalho, no estudo, no almoço, no descanso, na curtição, no estresse, no caminhar,
no dirigir, no viajar, na arte de parar, na janta e antes de dormir, todo tempo
é tempo de amar. Todo lugar é sagrado quando vibramos nele, o amor. Todo tempo
é tempo de pensar nele e em todos que estão aqui e lá. Todo tempo é tempo de
enviarmos nosso amor, nosso carinho, nossa saudade e nossa alegria. Meu Bendito
Herege, graças ao Bom Deus, está cada vez mais vivo. Tratemos de nos alegrar e
de nos unir cada vez mais. Vamos nos abraçar e celebrar a vida, e receber quem
está chegando e agregar sonhos, esperanças, experiências e divertimentos.
Qualquer dia também iremos.
Qualquer dia, em toda parte, também estaremos.