BABÃO
Eu chamava ele de Babão.
Desde quase sempre.
Uma vez eu fui em sua casa tomar aula de violão e de canto com o irmão dele, meu shidoshi e um dos poucos irmãos que eu escolhi ter na vida.
Quando entrei, ele estava embaixo do carro do pai, um chevete, se eu não me engano. Ele me viu e começou a soltar uma baba pelo meio dos dentes separados. Eu, vendo um gordinho com cara de moleque, com os dentes separados cuspindo nele mesmo só pra sacanear alguém, não resisti: Adotei ele pra mim.
- O que é que vc quer babão?
E ele, quase automaticamente, começou a fazer mais baba e repetir babão, babão. Foi uma das coisas mais engraçadas que eu me lembro.
Daí a gente começou a se chamar de Babão.
Há uns 20 dias ele pegou uma bactéria e ficou em estado muito grave. Rezamos e ele venceu o pior quadro, foi melhorando e a gente tava super confiante no seu restabelecimento. Na quinta, porém, ele teve um aneurisma fulminante. Fato novo, que nada teve a ver com a tal bactéria.
Foi como se Deus dissesse.
-Peraí, vocês não tão entendendo não? É a hora dele respeitem isso!
Mas nós não respeitamos e intensificamos as orações até quando não deu mais. Eu fui pro hospital e cheguei a ir na UTI ver ele de perto. Precisava ter um choque pra ver se a ficha caía.
Não adiantou.
Pensei que a visão dele lá, parado, fosse suficiente. Mas bastou um toque na pele dele pra algumas imagens provarem ser mais fortes.
Lembrei de quando Cecília nasceu e ele foi visitar a gente com aquele sorriso do tamanho do mundo, os dentes falhados e a voz de criança.
- Babão! Gritou ele ainda do carro.
Lembrei de quando ele foi conhecer meu bar e de longe me chamou de Babão.
Lembrei que sempre foi assim. Sempre ele teve o mesmo sorriso e o mesmo dente falhado. Sempre teve a mesma voz e o mesmo coração de criança. Ele sempre foi Babão e sempre vai ser.
Não importa mais o que vai acontecer daqui pra frente, cara. Toda vez que eu estiver com seu filho vou falar do cara de fuder que você foi. Vamos contar histórias e rir sem tristeza. Porque eu vou dizer pra ele que você não era triste.
A gente vai sentir sua falta pra caralho e eu nunca pensei que um dia diria isso pra você, mas se chegou sua hora Babão...
Vá em paz.
Desde quase sempre.
Uma vez eu fui em sua casa tomar aula de violão e de canto com o irmão dele, meu shidoshi e um dos poucos irmãos que eu escolhi ter na vida.
Quando entrei, ele estava embaixo do carro do pai, um chevete, se eu não me engano. Ele me viu e começou a soltar uma baba pelo meio dos dentes separados. Eu, vendo um gordinho com cara de moleque, com os dentes separados cuspindo nele mesmo só pra sacanear alguém, não resisti: Adotei ele pra mim.
- O que é que vc quer babão?
E ele, quase automaticamente, começou a fazer mais baba e repetir babão, babão. Foi uma das coisas mais engraçadas que eu me lembro.
Daí a gente começou a se chamar de Babão.
Há uns 20 dias ele pegou uma bactéria e ficou em estado muito grave. Rezamos e ele venceu o pior quadro, foi melhorando e a gente tava super confiante no seu restabelecimento. Na quinta, porém, ele teve um aneurisma fulminante. Fato novo, que nada teve a ver com a tal bactéria.
Foi como se Deus dissesse.
-Peraí, vocês não tão entendendo não? É a hora dele respeitem isso!
Mas nós não respeitamos e intensificamos as orações até quando não deu mais. Eu fui pro hospital e cheguei a ir na UTI ver ele de perto. Precisava ter um choque pra ver se a ficha caía.
Não adiantou.
Pensei que a visão dele lá, parado, fosse suficiente. Mas bastou um toque na pele dele pra algumas imagens provarem ser mais fortes.
Lembrei de quando Cecília nasceu e ele foi visitar a gente com aquele sorriso do tamanho do mundo, os dentes falhados e a voz de criança.
- Babão! Gritou ele ainda do carro.
Lembrei de quando ele foi conhecer meu bar e de longe me chamou de Babão.
Lembrei que sempre foi assim. Sempre ele teve o mesmo sorriso e o mesmo dente falhado. Sempre teve a mesma voz e o mesmo coração de criança. Ele sempre foi Babão e sempre vai ser.
Não importa mais o que vai acontecer daqui pra frente, cara. Toda vez que eu estiver com seu filho vou falar do cara de fuder que você foi. Vamos contar histórias e rir sem tristeza. Porque eu vou dizer pra ele que você não era triste.
A gente vai sentir sua falta pra caralho e eu nunca pensei que um dia diria isso pra você, mas se chegou sua hora Babão...
Vá em paz.
Agora vem a história de sua tia, coisa rica, coisa fina...
Semana Santa de 2010. Eu estava grávida de 5 meses e encontro Daniel no Ponto Dez:
- Você vai ver como é massa ter um filho. E ai Jubão? É homem ou mulher essa porra dessa barriga??
- É menina Dan! É Cecilia!
- Menina??? É mesmo?
- Legal né?
- Ô Enzo! Vem aqui! Venha conhecer a menina que você vai passar a p...!
Muito delicado era esse Daniel!!!
- Você vai ver como é massa ter um filho. E ai Jubão? É homem ou mulher essa porra dessa barriga??
- É menina Dan! É Cecilia!
- Menina??? É mesmo?
- Legal né?
- Ô Enzo! Vem aqui! Venha conhecer a menina que você vai passar a p...!
Muito delicado era esse Daniel!!!
A cada palavra que li dos relatos acima, senti a presença de Dida como se estivesse sorrindo, jogando a cabeça para trás e segurando a barriga.
ResponderExcluirFoi um momento forte. Ele esta cada vez mais presente em nossas vidas. Apenas a materia que ele utilizava não esta mais com a gente. A essencia dele continua e permanece ainda mais forte. Viva o "Anjo da Luz".
Obrigado Pablo e Jujuba. Um abraço carinhoso, Jamile.
Ju, lembro desse encontro no ponto 10, eu tbm estava lá e vi Dida (e Taís) babando com Enzo no colo. Ele perguntou por Bento e qdo eu contei uma das artes do meu pequeno, ele falou: Vai ser poeta!
ResponderExcluirAcho que foi a última vez que o vi.