segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Fuck you!

Enzo, meu Príncipe, lembrei de um episódio massa que vivi com seu pai: Dida tinha sete anos e sempre foi um exímio apreciador e praticante do baixo calão. Noutras palavras, palavrões, xingamentos, expressões chulas... Eu também sempre admirei essa maneira gostosa de expressão. Quando estudei Letras, me engajei na corrente de cientistas da linguagem que não ficam presos à norma, mas estudam, pesquisam e aceitam as mais variadas formas de expressão da língua. Ratifico o valor da norma como forma de coesão e unidade linguística nacional, mas convenhamos, que seria de um idioma se houvesse apenas o dito bom tom e bom gosto?

Quando Dida tinha sete anos, além do baixo calão em português, começou a se interessar por ele em inglês e eu, claro, passei a instruí-lo nessa experiência linguística. "Tom, como se diz merda?" Ele me perguntou e eu disse: "Shit!". " Ele anotou o que soletrei e a pronúncia. "E pau, como se fala?" Eu falei: "Dick". E o danado ia catalogando. "Buceta..." Ele adorava falar isso e sempre ria matreiro quando pronunciava essas silabas mágicas. "Purse", eu a responder... "E Vá se foder, tio Tom?" Eu prontamente traduzi: "Fuck you!". Tudo anotado e os dias se passaram.

Certa vez íamos pela Ponte da Conceição, em Nazaré, quando uma senhora chata que adorava fofocar, inclusive sobre nossa família, passou por nós é disse: "Como é lindo ver dois irmãos tão unidos! Que Deus conserve". Eu sorri medindo a mulher de cima a baixo e seu pai, com aquela cara lavada falou para ela: Fuck you! Olhou para mim e sorriu. Fiquei sem arte. A fofoqueira perguntou sem graça: "Foca? Tá me chamando de foca, meu filho?" Ao que seu pai repetiu deliciosamente Fuck you! Tenso, eu o repreendi: "Dan, pare com isso!" Ele me olhou com ar de apronte e retrucou: "Paro não. Ela nem sabe o que isso..." Encarou a criatura e disparou: Fuck you! Fuck you! Suck my dick! Purse! Purse! Shit! Shit! Go to hell!

Tentando conter o riso, falei para ela que ele estava aprendendo inglês, estava praticando e era muito inteligente. Ela sorriu, elogiou-o hipocritamente e se foi. Eu e Dida seguimos adiante sem nos olharmos. Quando porém nossos olhos se encontraram, explodimos numa gargalhada estrondorosa que abalou a estrutura da ponte. "Aprendeu direitinho, hein, rei?" Comentei. "Fuck you too!" Foi a resposta dele.

Sem sombra de dúvidas, meu irmão é um dos caras mais fantásticos que tive a honra de conhecer e conviver. Viva Daniel!

3 comentários:

  1. Vi a carinha dele, aos 7 anos, fazendo aquela forte careta mordendo a lingua e rindo jogando a cabeça para trás. SAUDADE.

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  2. que bom que vc voltou a postar... estava sentindo muito a falta.

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  3. É realmente de arrancar muitos risos, aliás, Dan só conseguia arrancar risos e espalhar felicidade onde passava. Hoje mesmo lembrei dele porque minha vó remexendo nas minhas coisas eu acamado ela aqui no quarto deixou cair do meu "baú" um daqueles albuns pequenos três por quatro onde eu guardo alguns retratos de amigos "importantes" e lá estava ele...rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs junto aos meus que já se foram e também aos especiais como vc. que encontram-se aqui neste plano "ainda"... Fica com Deus meu amigo....Sempre LUZ!!

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