domingo, 17 de julho de 2011

Decodificando Dida

Enzo, meu amado, eu estava procurando algumas imagens de nosso velho Dida, seu papaizão, e aí encontrei essa que ilustra esse texto. Sabe do que se trata? Fiz essa foto quando fui visitá-los no Cabula, quando vocês ainda moravam lá. Acho que você ainda nem tinha nascido... Seu pai estava pintando o seu quarto.

Naquele momento fiquei tão encantado quando o vi completamente concentrado e cheio de amor, preparando o espaço pra você, que não tive outra alternativa senão registrar essa simples preciosidade.

A capacidade de generosidade e altruísmo de Dan sempre foi um exemplo pra mim. Sou até um cara legal pra algumas coisas, mas na Escola da Doação onde meu mano é Doutor, eu sou apenas um Calouro.

Aí minha mente viajou, para variar, e lembrei de outros fatos: Teve um aniversário dele em que o cara comprou muitos pães e foi doá-los numa comunidade carente; noutro aniversário, doou cestas básicas noutra comunidade.

Durante um tempo, ele trabalhou num programa de televisão que se propunha a melhorar a vida de pessoas. A produção selecionava alguém necessitado, ele acompanhava essa pessoa durante alguns dias e providenciava o suficiente para transformar a existência dura daquele indivíduo. Sempre que nos encontrávamos, ele me contava, com lágrimas nos olhos, as alegrias que sentia quando podia ajudar cada ser humano. Isso sempre fez com que eu me orgulhasse dele.

Ele sempre me incentivou a escrever e adorava ler o que eu produzia. Mesmo "apertado" financeiramente, me ajudou a publicar meu primeiro livro "Pela Janela - A História de Uma Sacerdotisa" e quando comecei a trabalhar no projeto de lançar o seguinte, "PEDÓFILO - O limite entre o algoz e a vítima", passou a me auxiliar mensalmente e a me chamar de idiota todas as vezes que eu, emocionado, agradecia o seu apoio. 

Quando comecei a publicar "OS SETE CIGANOS" no blog ARUANDA, ele se amarrou na história, e quando me ligava, à noite, geralmente estando num hotel ou num aeroporto, ou num restaurante, após um dia exaustivo de trabalho, comentava sobre o que gostara e do que não gostara na aventura. Sempre, no final da ligação, dizia: "Titom, poste um novo capítulo hoje, vá... Não me deixe dormir sem eles". E eu o fazia, por ele e por quem estivesse curtindo a saga.

Numa terça-feira, antes de ser internado, quando ainda estava em Fortaleza e já se preparando para A Grande Viagem, a gente se falou e pela última vez ele disse pra mim: Titom, poste um novo capítulo hoje, vá... Não me deixe dormir sem eles. Eu postei... Depois que ele se foi, perdi o tesão para continuar postando.Sabia que precisava concluir a história, fechar o vórtice, mas não tinha disposição alguma.

Fui aprendendo a lidar com a dor,com a falta, com a ausência dele e aos poucos, fui retomando a motivação para chegar ao fim e tenho plena convicção que fiz isso... Por ele. Aonde quer que esteja, sei que vibrou comigo quando postei o último capítulo da saga dos Filhos do Vento e que está vibrando agora que iniciei mais uma aventura gitana.

Amo seu pai demais da conta. Não sou cego com relação às sombras dele, mas posso dizer com plena convicção, que a Luz de Dida é tão bela, que sempre prevaleceu sobre seus equívocos.

Como sua avó Mari disse, ele agora habita numa estrela... Penso que nesse momento não haja lugar mais apropriado para esse menino que tenho o orgulho de chamar de Meu Irmão.





5 comentários:

  1. eu me orgulho de ser irmã de vocês dois.

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  2. a saudade ta doendo tanto irmão......
    Todos os dias que abro os olhos de manhã me lembro de Dani. Ele partiu mas nunca esteve tão perto e tão presente.
    Dias difíceis...

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  3. Habib, te amo. "A chuva vai passar e o tempo vai abrir" - Tenha certeza disso.

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  4. é... a saudade nunca termina! E esses momentos bons são o que alimentam a alma. Mile e Tony, nem imagino como pode ser perder um irmão, mas a certeza de que ele semrpe estará com vocês eu tenho!

    Este blog esta lindo demais!!! AAAAMO ler cada história!

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  5. Difícil mesmo, Mile... Ficam as lembranças, as fotos, as histórias e um vazio imenso... uma saudade que nada consegue aplacar.
    Perder um irmão é isso, Laís.
    Toni, lindo texto, pra variar.

    bjs

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