sábado, 2 de julho de 2011

Celebrando a Vida

Enzo, meu anjo, hoje vivi momentos que me deixaram em estado de graça tão plena, que até agora me pego anestesiado diante de tanta alegria. A ideia veio da sua tia Elly, eu topei a parada e outros loucos também resolveram encarar. O que seria apenas um limitado encontro de primos tornou-se uma festa de verdadeiros irmãos e nos encontramos em minha casa para festejarmos o Amor e a Amizade... Um dia sua tia Ci me falou: "Daniel é meu grande amigo. Daniel é meu irmão".

A morte tem sido, ultimamente, uma das minhas grandes mestras. Em especial, a “Viagem” de Dida. Diante da vida sempre serei um eterno ignorante e é essa a minha sorte, pois sempre estarei aberto a aprender mais, mudar meus conceitos, ampliar horizontes e evoluir. Com a partida de Dan, aprendi ou ratifiquei algumas coisas:

1.       Quando vi o corpo do meu irmão sem vida naquele caixão, pensei: “Que onda! Ele correu tanto para ter coisas, para comprar coisas, para manter um padrão e agora essa matéria só está levando essas roupas e esses sapatos, que são apenas sobras, porque o cara nasceu nu!” Ratifiquei que quanto mais eu me desapegar dos bens matérias, dos “teres”, mais leve e menos estressante será minha existência - que não passa de uma ilusão transitória e frágil.

2.       Durante os dias que fiquei na angustiante espera pela cura ou pelo desencarne dele, a presença de todos os que estiveram conosco me fez pensar que o valor e o bem maior em minha vida são o carinho e o amor que recebi deles. Eu fui confortado, mimado, acolhido, consolado e isso me predispôs a me interessar muito mais pelo fato de tratar bem o ser humano, de cuidar do ser, de acolhê-lo e ampará-lo, de sair do meu umbigo porque coração foi feito para amar. A passagem de meu irmão está me ensinando a resignificar minha vida.

3.       Aprendi que preciso estar mais perto de quem amo, pois não sei o dia que essa pessoa vai partir e não quero me encontrar com quem quero bem só para curtir enfermidades e sepultamentos. Quero o sabor da rotina, quero o gosto de festa, quero ver nascerem novas gerações, quero ver as crianças crescendo e acompanhar tudo isso. Minha vida é cheia de compromissos, mas sempre caberá mais um quando o assunto for Amor.

4.       Todas as manifestações de carinho dos amigos, dos parentes, dos Irmãos Maçons e até dos adversários no momento do translado do corpo para o cemitério nada mais foi que a colheita de 29 anos bem vividos, bem partilhados e tenho certeza que isso encheu meu mano de alegria.

5.       Por fim, Enzo, viva intensamente. Ame, lute, cometa seus próprios erros, comemore seus acertos, apaixone-se, supere-se. Seja inteiro e intenso em tudo o que fizer, respeite a si mesmo e ao próximo – e desrespeite também se necessário – pois aí quando chegar a sua hora de dar o zig você terá uma linda colheita e se orgulhará de tudo o que terá feito quando olhar para trás.

6.       Hoje estamos escrevendo uma nova história. Hoje estou aqui reencontrando toda essa gente bonita que amo. Hoje estou aqui estreitando laços. Hoje estou aqui conhecendo pessoas que amarei. Estamos celebrando a vida, estamos em nome de Dida, em nome de nós, num só coração, num só sentimento e espero que fiquemos mais próximos, pois não há dor maior do que saber que poderíamos ter estado antes e não o fizemos. Espero que não sejam necessárias mais perdas para que saibamos valorizar o que há de mais precioso por aqui: O Amor e a Amizade que nos une agora e para sempre. VIVA DANIEL!

8 comentários:

  1. O que me deixa mais angustiada nisso tudo é saber que precisamos perder pessoas tão preciosas pra aprender a amar e ser simples.
    Lindo texto, meu santo, vc sempre tão hábil com as palavras...
    E eu aqui morrendo de invejinha boa por não poder estar presente no encontro ontem.
    Um beijão e muito, mas muito amor dessa sua parceira da vida toda.

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  2. Minha parceira da vida toda - "Como é grande o meu amor por você".

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  3. Nunca vou me acostumar com perdas, durante esta semana que passei em Nazaré sozinho, como vc. sabe meu irmão, travei batalhas enormes comigo mesmo e consegui superar isso. Na minha cabeça agora só se faz presente a vontade de mudar nem que seja um pouco somente para reconfortar meus pensamentos, meu corpo, minha vida... Senti uma imensa vontade de abraçar vc. e Paty. Como é bom ter vocês em minha vida...
    PS... Não tive coragem de subir a ladeira para visitá-los, preferi ficar em silêncio comigo mesmo.

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  4. Meu coração ainda esta ferido, muito, mas a certeza que esse amor que sentimos um pelo outro tá me ajudando a aceitar melhor a partida de Dani. Ontem fui ver Enzo e Tais e Marina chorou quando chegou em casa querendo que o pai de Enzo (meu Dida) voltasse. Segurei o choro e disse para ela: Ele tá lá com ele mamãe, a gete não vê, mais tenho certeza que ele esta e que virou o anjo da guarda do filhinho, do nosso Biscoito. Quando Beto chegou em casa, ela abraçou ele pelas pernas e disse que amava ele. Chorei em silencio... Amo você e quero estar perto de todos sempre.

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  5. Mel e Mile, amo vocês demais. Hoje estou triste e encarando essa tristeza - depois passa...

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  6. Bom, estava passando por aqui, não conheço ninguém e talvez ninguém me conheça (vim pela mão de Rosana Domini abraçada nesta foto que encima o site e as 29 voltas do sol), mas a reflexão de Antônio Aruanda, nesse momento forte da vida, é linda e significativa a todos (me pego aqui, olhando de longe, mas com uma flor na mão, por alguém que não cheguei a conhecer, mas compartilhando tudo isso, de repente me sentindo como sob o mesmo teto e diante das mesmas reflexões de viajante: há que se abrir um espaço, no meio de tudo - que corre cada vez a uma velocidade maior - para o amor, para reverenciar e vivenciar esse momento de pausa e alimentação do que realmente é, no meio de tanta confusão, do que seja o sentido maior e único da nossa existência-aprendizado... terminei de ler as poucas palavras de Aruanda como se tivesse findado um livro de Chico Xavier e satisfeito retornasse o olhar para as minhas coisas, os amados e a vida, com uma compreensão maior e melhor do aprendizado. Então, de raspão entrei e vou saindo: obrigado Aruanda, obrigado Rosana. Um beijo-amor grande para todos!

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  7. Obrigado, Victor. Venha quando quiser. Aquele abraço.

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