sexta-feira, 8 de julho de 2011

Curtas do Velório - I - Mães


Enzo, minha luz, embora todos estivéssemos tristes no dia do velório de Dida, não faltaram grandes amigos nossos a contar casos hilários do seu pai, o que tornou nossa dor mais suave e nos predispôs a encarar as dificuldades do momento com mais força.
Essa primeira foi contada por seu tio Ricardo. Divirta-se...


Para nós, mais chegados a esse cara, é novidade nenhuma dizer que ele sempre teve uma forma bastante sutil de esculhambar as mães dos amigos e de permitir que estes audazes cavalheiros  fizessem o mesmo com aquela que o pariu.

Sei que nosso velho Tito nunca teve estômago para esse tipo de brincadeira, mas mesmo assim, não segurava o riso quando Daniel vinha com todas as gentilezas destinadas a essas mulheres valentes que tiveram a coragem de abrigar um ser (ou vários) por nove meses no bucho.

Sem mais delongas, o fato foi o seguinte: estava Daniel passando pelo bairro do Batatan, na Terra Morena, no seu carro envenenado, vidro fumê, quando Ricardo Tupinambá, nosso “broder” Katatau, disse em alto e bom tom, para que Dan e toda a rua ouvissem, uma majestosa saudação:

- DANIEL, FILHO DA DESGRA... (Não pense que escreverei essa palavra leve como uma pluma até o fim).

O eco da sentença se espalhou pelos quatro cantos da rua e peço que você agora imagine a cena rolando em câmera lenta: Fundo musical no carro: um cd de Silvano Sales. Daniel olha pra Katatau e abre seu inconfundível sorriso de dentes tortos. Katatau todo vermelho e grande, e cheio de braços e pernas ri aquele riso amplo de doido e fica todo prosa. Daniel pára o carro. Ricardo está do outro lado da rua fazendo menção de atravessá-la para se aproximar do amigo. Daniel abaixa o vidro do banco de trás e com o polegar dobrado, aponta nossa genitora sentadinha no mesmo, lépida e fagueira.

Mami deu um sorrisinho e um aceno de Rainha da Inglaterra, deixando claro para Katatau que era uma pessoa inatingível. Daniel riu sacanamente da cara do amigo, que de vermelho, ficou amarelo e cujo sorriso, deu lugar a uma careta ridícula de “Sem-gracisse”. As pernas de Katatau viraram chumbo e ele não conseguiu mais se mexer, estancou no local, e o velho Dida deu a partida com o carro, partindo com Marinice, rindo do constrangimento do nosso “broder”.
VIVA DANIEL!

3 comentários:

  1. aposta que Ricardo falou assim: "Fí da disgr..."!!!

    E a pose de rainha da Inglaterra foi tuuuuuuuuuuuudo!

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  2. Paty, sua transcrição fonológica da sentença ricardiana foi fantástica. Quanto à pose de Mamãe, ela abala, né? Beijo.

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  3. queria estar perto só para ver a cara vermelha de Ricardo ficar mais vermelha ainda...

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