domingo, 12 de junho de 2011

De vez em quando: PAI

 Meu querido Enzo, embora você seja o único filho biológico de Dida, ele muitas vezes se comportou como se fosse meu pai e tenho certeza que fez isso com muita gente... Especialmente com Edu, nosso primo querido, nosso poeta, músico, compositor e cantor, nosso artista, o melhor de todos nós.
O texto a seguir é desse cara:


Estava eu, "aborrecente" em meus 14 anos de idade, dormindo  em uma das camas da casa de meu tio Zé (no quarto e muito provavelmente na cama de Daniel), depois de uma festa de aniversário que tinha ido até bem tarde. 


Quando acordei, lá prás duas da manhã, ouví aquele silêncio peculiar de fim de festa com algumas vozes remanescentes já cansadas de festejar, e bocas que já viraram portas abertas para as palavras e os pensamentos que só saiam com a ajuda de álcool.

E como todo e qualquer ser humano, mesmo que sonolento, passei a ouvir a conversa, Claro! (Ouvir conversa sempre é bom, de adulto quando se é uma criança, melhor ainda. Risos!).

Nas vozes, reconhecia meu pai, minha mãe e Daniel. Esses três sempre foram muito cúmplices. Demoravam bons períodos sem se ver, mas quando juntos, passavam horas e horas trocando confidencias, tentando entender e dar rumo à nossa família. Até que houve um momento em que eles começaram a falar sobre mim. Eu tinha acabado de perder o ano letivo (1° ano do ensino médio) Meus pais estavam muito chateados, principalmente meu pai, que ainda não havia aceitado a idéia.

Conversa vai e conversa vem, eles falavam tudo em que eu estava errando. Em tudo eles estavam em consenso, até que minha mãe falou sobre meus planos de vender a minha moto pra poder ir estudar em Santo Antonio de Jesus (eu estava revoltado com o colégio e jogava nele a culpa de minha displicência anual). Daniel continuava ouvindo. 

Depois, de minha mãe informar e achar que eu não deveria fazer isso. Meu pai, além de sentir o orgulho ferido por um filho ter perdido o ano no colégio, passou a mesmo que sem querer, me menosprezar, ao ponto de abrir a boca e dizer:

-Mas me diga Daniel, que absurdo, ele não conseguiu passar aqui em Nazaré, como é que ele vai passar La em santo Antonio de Jesus? Ele não vai conseguir!

Eu, depois de longos momentos sem ouvir a voz de meu primo, que consentia com todas as coisas, (que hoje até eu venho a concordar) vivaz e instantaneamente se fez ouvir:
-Meu tio Del, não fale isso. Edu é um menino muito inteligente. Por isso mesmo ele quer ir e provar isso a todos nós. Eu tenho certeza que ele é capaz. Ele consegue!

Foi quando meu pai se calou e meio envergonhado percebeu que Daniel, mesmo sem a menor pretensão, acabara de roubar o seu papel de pai, por alguns minutos.
Jamais esqueço das vezes que esse Mosaico, esse coringa de pessoa, fez o papel de pai pra mim. Por isso, tentando definir Luiz Daniel, produzo frases como:
Um primo. Sangue de meu sangue, Amigo escroto, animado, porra loca e desbocado. Irmão sem aquelas brigas e repulsas de irmãos de sangue. E além de tudo isso...

Pai! Meu pai eventual.
Que Deus lhe abençoe, Didael!!!!!!
Te amo até o infinito e jamais me lembrarei de te esquecer.


Luis Eduardo Carvalho de Jesus.

4 comentários:

  1. As cenas de nossas vidas... umas passam, outras ficam registradas bem lá no fundo. Só posso dizer que tudo é um aprendizado e melhor, para provar o quanto esse sentimento maravilhoso se apossa de nós nos momentos mais difíceis e nos fazem renascer como fênix... Tudo isso é amor e tudo isso está sendo disseminado através desse blog. O cara realmente tinha o poder de espalhar amor e felicidades por onde passava "em carne" e continuará passando também em espírito pois sei que se em algum momento Daniel perceber que a tristeza tomou posse daqueles que o amam ele irá gritar lá de cima "Sai desgraça" deixa a felicidade entrar!!! Salve Dani! Salve Anjo da Luz!

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  2. Nosso "Anjo da Luz" com certeza, deve estar muito feliz ao sentir a nossa vibração quando lemos e fortalecemos o blog dedicado ao livro dele.
    Lindo momento compartilhado Edu. Te amamos primo.

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  3. Ai que coisa mais linda Edu!!!!!

    Meus olhinhos se encheram d´água agora!!!

    Impossivel a gente lembrar de esquece-lo mesmo!

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