quarta-feira, 22 de junho de 2011

El atirador de facas


Enzo, minha criança, lembro-me de algumas passagens inusitadas que tive a honra de viver com seu pai. Na verdade, tudo com Dan sempre foi inusitado: ele,em si; a vida com ele; as coisas dele; a loucura dele; a generosidade; o companheirismo; as corrupções... Seu pai tem uma ética própria e a meu ver, é exatamente isso que faz dele um homem especial.

Cada momento ao lado de Daniel foi, é e sempre será algo mágico, no sentido mais puro da palavra, porque ele é único.

Feliz de mim, de você e de quem pôde conviver com ele mais de perto.
Vamos à história...

Dida ainda era criança e Enilton Leal, nosso grande amigo Ninil, sempre estava lá em casa – e nós na dele.
Éramos todos uma grande família: nós, Ninil, Edilton (mano dele que também deu o zig), os pais dele (grande Dute, que também deu o zig), os nossos – uma festa.

Um dia Ninil estava perturbando Dida, mexendo com o sacaninha, enchendo o saco dele e o menino só dizia com cara de brabo:

- Pára, Nil. É melhor parar.

E Ninil nada de parar. Abusava, abusava e abusava. Até que Dida olhou pra ele com aquele olhar de Charles Bronson emputecido e falou:

- Se você não parar, vou lhe atirar uma faca.

- Qual é a sua, Dani? Vá se f... Você não é homem pra me rumar uma pedra. Quanto mais uma faca.

O guri deu aquela risada sacana e entrou em casa. Eu e Ninil estávamos do lado de fora,conversando e já até tínhamos esquecido de Daniel.

Então se deu uma aparição inesperada: O próprio empunhando a faca da cozinha! Eu e Enilton ficamos com os c... no ponto.

- Dan, que brincadeira é essa? – Perguntei tenso (morrendo de medo!!!)

- É pra esse sacana ver que sou o homem.

Dito isso, o “brodi” arremessou a faca contra nosso amigo e a sorte foi que Nil era ágil e conseguiu se desviar da arma a tempo de não ser atingido pela mesma. A faca se cravou no solo. Eu e Enilton ficamos bestificados com a coragem daquele menino-homem e mudos, constatamos que era um cabra honrado se impondo diante de outro mais velho e mais forte. A partir daquele dia, tanto nós dois, como outros que souberam da história, nos tornamos mais cautelosos quando o assunto era sacanear o velho Dida. Ele nos ensinou a dar limites.

 Daniel sorriu triunfante e entrou em casa.

Eu e Enilton ficamos com cara de otários.


2 comentários:

  1. Toma, nego! Mexer com esses sacaninhas sem juízo pode nos custar caro! heheheheh

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  2. Fui lendo e um filme passou pela minha mente: Dani com a bermuda lá embaixo, todo gordinho, com o cabelo liso e baixinho, testa franzida e os olhos menores do que o normal...ele mirou com tanta força... sacaninha retado viu!
    Esse fato tinha que ser marcado.

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