domingo, 26 de junho de 2011

Meu Cúmplice


Enzo, meu amado, olho nos teus olhos e vejo o tesouro que você é. Vejo o seu sorriso e enxergo sua alma... Ela é linda e pura! Penso comigo: O que fez esse menino corajoso optar por uma experiência tão delicada? A gente sabe que seu pai está vivo, porém não está mais aqui... Para mim, Enzo, você é um dos caras mais destemidos que conheço e sei que vai vencer todos os obstáculos que quiser. Parabéns por ser quem você é.

Infelizmente ainda não posso estar tão perto de você, mas sei que nosso tempo chegará. Enquanto isso, à distância, mando pra você o meu amor, o meu carinho e faço o que for possível, do meu modo, pra te ajudar.

No dia 22 de junho de 2011, sonhei com seu pai. Ele estava todo bonito, vestido de branco e com uma mala bege na mão. Olhou para mim e sorriu. Pegou as chaves de um carro e se dirigiu a uma Pick Up. Entrou no veículo, deu a partida e se foi por uma estrada bonita, rumo ao sol que nascia. Acordei emocionado!

Durante o desjejum, partilhei com sua tia Cisete o meu “sonho”. Imaginamos que significava ele estar, naquele momento, comunicando sua partida de uma vez por todas. Oramos e nesse momento, sua avó Marinice chegou. Pedimos por você, por sua mãe e por seu pai. Foi quando novamente senti aquela pressão na nuca e sabia exatamente do que se tratava. Mais uma vez ele falou através de mim e segundo sua tia Ci e sua avó Mari, disse que estava mesmo indo, pois o que havia deixado pendente já resolvera. Pediu que não nos entregássemos à tristeza porque isso só o atrapalharia e que sempre que tivéssemos uma recaída, rezássemos por ele e o visualizássemos envolvido e preenchido pela Luz.

Ratificou o amor dele por você e deixou transparecer certa dor por estar deixando essa vida. Coisa normal pra quem viveu tão intensamente!... Trocou algumas palavras com sua avó, com sua tia e disse que confiava na força da sua mãe, pois sabia que ela venceria todas as adversidades. Por fim, concluiu sua comunicação deixando um abraço fraterno para todos os entes queridos e dizendo que voltaria quando pudesse.

Pediu a benção a sua avó, despediu-se de sua tia e se foi...

Quando saí do transe, estava banhado em lágrimas. Sentia uma dor dupla: a dor dele por estar finalmente se desprendendo de tudo isso e a minha por estar vendo meu mano amado finalizando o processo da viagem.

Minha mãe ficou feliz por esse contato. Falou-me que era impressionante a minha metamorfose quando ele me tomava! Disse-me que eu mordia a língua e coçava os olhos como ele. Cisete estava chorando também...

Sua avó então comentou que antes do acontecido, estava em casa e de repente sentiu uma vontade enorme de ir me ver. Chegou exatamente na hora da nossa oração matinal e aí se deu o contato. 

Mais um jogo delicioso do velho Dida. Através de várias linhas, ele vai tecendo sua trajetória e suas comunicações amorosas para conosco.

Quando liguei pra sua tia Mile e contei o fato, o chororô “comeu no centro” e ela agradeceu a Deus por eu poder ter essa facilidade de me comunicar com ele e trazer “notícias do mundo de lá”.

Desliguei o celular e pensei: Por que ele me escolheu?

A resposta foi imediata: Porque sempre fomos cúmplices um do outro e aí vieram cenas lindas de nós dois:

Quando comecei a estudar e a praticar magia, era ele quem me levava de carro para fazer obrigação no mar, nas pedreiras, nas montanhas, no mato, nas cachoeiras e em todos os lugares que você pudesse imaginar. Sempre ele estava disposto a me ajudar e em nenhum momento em que eu o solicitei, me faltou.

Daniel sabe de toda a minha vida. Com ele eu nunca tive segredos. Com ele partilhei todos os meus casos, loucuras, delitos, experiências, sucessos, fracassos, medos, superações... Ele nunca me recriminou por nada e olha que seu titio aqui já aprontou feio... Em Dan, sempre tive mais que um amigo que me acolhia, que me respeitava, que me amava e que mesmo quando ouvia minhas confissões mais secretas e escabrosas, me abraçava e dizia: “Tem nada não, véio... Depois passa”.

Assim como ele conhece muito bem minhas sombras e minha luz, eu conheço as dele e isso fez com que nos tornássemos genuínos cúmplices, um do outro. Jamais nos condenamos pelas merdas que tenhamos feito. Em diversos momentos, tanto eu como ele, não concordamos com certas coisas, todavia jamais deixamos de nos compreender e de nos apoiar.

Muitas vezes, ele se desabafou comigo. Muitas vezes o vi chorar e o acolhi em meus braços até ele colocar tudo pra fora e se sentir melhor... Seguramos muitas barras, um do outro, e em momentos dolorosos, soubemos nos apoiar.

Sempre que nos víamos, tínhamos a necessidade de nos isolarmos um pouco dos outros. Naquela hora, o mundo era apenas eu e ele... Daniel é o melhor cúmplice, amigo e irmão que alguém pode ter e se eu recebi esse presente, é porque sou um homem privilegiado. E se mesmo sem corpo físico, ele recorreu a mim, sou humildemente, um irmão honrado e agradecido.

Beijo, meu menino. Seu pai é meu ídolo.

5 comentários:

  1. Tenho orgulho de ter nascido entre vocês.

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  2. É incrível como esses laços de amor permanecem atados, mesmo após a passagem pra outro plano. Vcs não não vieram juntos pra essa vida por acaso, foi por causa desse amor, dessa cumplicidade, desse respeito e dessa admiração mútua.
    Amo mto vcs e me emociono demais cada vez que venho aqui.
    bj

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  3. Eu nem sei quem eu mais amo nessa história toda! Acho q amo os 3 igual!

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  4. Paty e Jubão, minha vida seria incompleta sem vocês.

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