segunda-feira, 13 de junho de 2011

Triste Fim do Tamagotchi - Game over!

Enzo, meu velho, esse é seu tio Gordo, um dos maiores parceiros do seu pai na realização de delitos e boas ações que deixaram respectivamente o Diabo e Deus à beira de vários colapsos nervosos.
Por quê?
Na verdade, analisando a personalidade mitológica de Gordo e Dida, concluo que até nos atos mais escusos, eles sempre tiveram as melhores intenções.
Mas como também delas o Inferno está cheio... É melhor não filosofar mais. Caso contrário, me perco.


Difícil não é escrever sobre Dani. Isso é fácil, muito fácil e até divertido. Complicado mesmo é selecionar as histórias a serem relatadas. Escreveria facilmente uma coleção de livros com histórias do seu pai, as quais, felizmente, tive o prazer de participar. Horas como vilão outrora como mocinho. É bem verdade que na grande maioria das vezes eu me fodia com ele.

Decidi começar contando uma história que me marcou bastante, não pela história em si, mas pelo trauma causado na pobrezinha da Joseane (Jose), uma amiga nossa que não fazia mal a ninguém. Pobre da Jose, se fodeu com Dida!

No final dos anos 90, entre os anos de 1996 e 1997, Jose e eu cursávamos a 8ª série e Dida 1º ou 2º ano na tão querida EPAA – Escola Professora Aildes Almeida. - Eis que surge no Brasil a febre dos bichinhos virtuais e obviamente Nazaré não estaria fora desta onda. Os tão sonhados Tamagotchis, também conhecidos, carinhosamente, como Tama.

 A brincadeira consiste em cuidar de um animalzinho virtual como se o mesmo tivesse vida, dando-lhe carinho, comida, remédio e banho. Tudo isso virtualmente! Patético!

Não é que a Jose apareceu na escola com um troço desses na mão! O dela era amarelinho, bonitinho e bem cuidado. Era o seu primeiro dia com o trocinho e aparentemente estava nas nuvens de tanta felicidade. Logo no início do dia ajudei a colocar o bichinho pra nascer: ligamos o bichinho, ajustamos o relógio, escolhemos as características, ela escolheu o nome e finalmente a criatura surgiu e juntamente, um sorriso de orelha a orelha da pobrezinha da Jose. As primeiras aulas foram acontecendo e o papel de super-mãe foi encarnada com vontade pela nossa amiguinha. Eram comidinhas e o bichinho crescendo, remediozinhos e o bichinho com saúde, banhozinhos e o bichinho limpo. Tudo indo de vento em polpa. Sem conter a ansiedade a pobrezinha da Jose já fazia previsões de quando o trocinho chegaria ao seu estágio adulto, não entendia o porquê.

Até aí tudo estava tranquilo, mas nosso querido e eterno Dida ficou sabendo desse amor incontrolável que surgia na EPAA. Não tenho certeza de quem o fez saber da história, acredito que tenha sido eu. Ele me chamou no banheiro e disse:

- Vamos bolar um plano?
- Plano de quê? – Perguntei.
Já com um sorriso desenhado no rosto e com as mãos nos meus ombros ele me perguntou:
- Vamos matar o trocinho da Jose?
- Você está louco!? A menina acabou de ganhar o animalzinho e está super empolgada.
- É exatamente por isso. Bichinhos virtuais me irritam – ele me respondeu.

Neste momento ele não conseguiu conter a gargalhada tão conhecida. Eu, certamente, não estava levando a brincadeirinha a sério e não concordei, afinal Jose não fazia mal a ninguém. Voltamos às nossas salas e aguardamos a hora do intervalo.

Finalmente são 10 horas. Sirene dispara, manada de alunos saem que nem loucos das suas respectivas salas, rápida formação de fila na cantina para comer o saboroso misto da Vany e lá vem Jose com seu bichinho virtual, passa tão tranquila pela cantina e vai em direção à rua. Dida, com um olhar questionador me enxerga e logo percebo que ele queria saber qual o destino dela. Me fiz de louco! Achei que aquele plano era brincadeira, mas pelo visto ele estava levando a sério.

Fui ao encontro dele, e ele por sua vez ao dela. Éramos, naquele momento, três pontos distintos destinados a um triste encontro. Triste para ela, coitada! Para nós, historinha de mesa de bar, bastavam apenas duas cervejas em qualquer mesa de bar e logo surgia a pergunta:

- Filho da Puta, você lembra o que fiz com o bichinho virtual da Jose?

Lembro sim, e como lembro! Não só lembro como farei com que muitas pessoas saibam o que você fez, inclusive o seu filhão. Enzo, meu lindo, seu pai pediu emprestado o tão valioso presente da Jose e ela, infelizmente, atendeu o seu pedido, emprestou. Achando pouco, ela pediu que ele cuidasse do bichinho enquanto iria comprar um picolé na sorveteria de esquina. Neste momento estávamos ao lado do Colégio Alexandre Bittencourt. Assim que a pobrezinha se fez ausente, ele me olhou com aquela cara de sacana, exibiu seus dentes desalinhados e não conseguiu controlar uma gargalhada que soava como um: Ela se fodeu comigo!

Após controlar sua gargalhada ele me perguntou:

- Como eu mato esse treco?
- Não tem como, Jose alimentou e medicou o bicho – respondi.
Sorrindo ele me disse:
- Você que pensa. Eu detesto esse bichinho.

Num ato de descontrole total, Dani arremessa o bichinho com muita força contra a parede do Colégio Alexandre Bittencourt. Estávamos distantes uns 5 ou 6 metros da parede e a força do arremesso foi tanta que fez com que o animalzinho voltasse aos nossos pés. Ele ria de uma forma tão gostosa, aquela que só ele sabia, que até eu passei a achar aquilo engraçado, minha barriga doía de tanto rir, sentei no chão pra ficar mais a vontade e ri com mais intensidade. Ele não conseguia se controlar, nem mesmo pegar o bichinho de volta. Risada do Zacarias em ação, olhos fechados e lacrimejando, dizia: Desgraça, Desgraça! Era como ele costumava comemorar as coisas!
Confesso que estava acostumado com as atitudes de Daniel, mas essa me surpreendeu de verdade!

Neste instante a minha preocupação era o retorno da Joseane e saber do estado do bichinho, a preocupação dele era verificar se, de fato, chegou o fim do animalzinho. Triste notícia: com o visor rachado, o Tamagotchi já não estava entre nós. Uma música fúnebre saía da caixa de som do pequeno objeto. No visor rachado, a entidade havia criado asinhas que voavam em direção ao céu e duas cruzes ocupavam o lugar dos olhos. Parafraseando Ti Tom, o bichinho deu o Zig. Pra piorar a situação, eis que surge Jose e logo toma conhecimento da tragédia - Puta que pariu, Fudeu! – e ele com a cara de sacana diz:

- Acho que você esqueceu de alimentar seu bichinho.

Em choque, o rosto dela empalideceu. Era possível perceber o pavor nos seus olhos. “Ele morreu?!”, perguntou-me, com a voz embargada. Eu não tive tempo de responder, ela percebeu a gravidade das coisas quando viu o visor partido, as lágrimas rolaram gordas pelas suas bochechas, e ele, mais uma vez, não conseguia controlar sua risada. Surpreendentemente, pegou o bichinho novamente e arremessou mais uma vez, com a mesma força e a mesma alegria de sempre. Ela estava desnorteada e ele se divertindo. Lembro claramente dela desesperada gritando: Não Daniel! Não Daniel! Meu bichinho! Meu bichinho!

Pra finalizar esse drama ele resolveu não mais lançar o bicho na parede e sim no telhado do colégio. Como um profissional em arremesso de peso, se preparou, se esquivou da enlouquecida pobrezinha que não faz mal a ninguém e pimba... La se foi o animalzinho amarelo bem alimentado, cheio de saúde e limpinho... Game over!

Pois bem, meu querido Enzo... Apesar de parecer malvado com essa história seu pai foi um amigo do caralho, um homem de coração sem igual, sinônimo de diversão e alegria.  Agradeço muito a Deus por ter tido a honra e o prazer de conviver ao seu lado, de ouvir aquela risada única e gostosa por muitas vezes, de ter formado dupla com ele no famoso Pau a Pau na AABB, de ter jogado a versão violenta de tênis, bem lembrada pelo seu tio Jorginho, de ter participado dos campeonatos de Jogos de verão, futevôlei e futebol de botão.

Dani, você é para sempre!

Ah! No dia seguinte ele presenteou Jose com um novo Tamagotchi amarelinho, bonitinho e bem cuidado. 

5 comentários:

  1. O melhor de tudo é que no dia seguinte ele olhou nos meus olhos e disse: "Em momento algum eu queria sacanear com a Jose, o que eu queria mesmo era te fazer sorrir!" :D

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  2. Não tem como rir desse fato hehehehehehehehehehehe... eu tinha um troço desse e sempre deixava ele com fome só pra ver o que acontecia...hehehehehehehehehehehehe

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  3. Amei a história, Gordo. Eternizar Dida é eternizar cada um de nós.

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  4. PUTA QUE PARIUUU!! QUE FODAAA QUE FODAAA!!!

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  5. Linda história... adorei e o lado bom, é que depois ele deu um bichinho virtual para ela...
    Aquele sacana, fdp, aprontou viu!!!
    Tudo isso não poderia passar sem que tivessemos a condição de mostrar para Enzo um pouco sobre a vida do pai dele.
    Fabricio, muito obrigado e se tiver mais, nos mande por favor.
    Muito lindo a amizade de vocês e isso tem que ser alcamado e perpetuado.
    Um carinhoso abraço
    Jamile

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